domingo, 8 de setembro de 2013

A Vera que não era prima

Era uma vez...

Uma Vera que não era prima.
Tinha uma face rosada e andava sempre descascada.
Usava uma grande decote e um pequeno saiote.
Quando os trolhas a viam, subiam ao escadote.
Ou então desciam à cave, para lhe ver o rabiote.

Certo dia cruzou-se com um príncipe encantado.
Que destilava charme com o seu perfume barato.
Vestia roupas normais e não causava aparato.
Usava sempre um chapéu, com uma pena de pato.

Como ela era tímida, tinha que ganhar coragem.
Decidiu falar com ele, quando estava na paragem.
Abordou-o de uma forma gentil, dizendo que estava de passagem.
Ele respondeu que também estava, pois ia para a outra margem.

Os dias iam passando, e o coração saltitando.
As semanas iam passando, e a paixão palpitando.
Os meses iam passando, e o sexo não era brando.
Os anos foram passando, e a paixão abrandando.

Ela já não o via, como o Marlon Brando.
Ele já não a via, como a Marlene Dietrich.
Acabando assim, o que não passou de um fetiche.

Em menos de uma década, cada um foi para seu lado.
Ela dedicou-se ao bailado, e ele ao fado.
Ele descobriu um mundo de oportunidades.
Ela descobriu que afinal gostava de beldades.
Ele optou pela vida das espiritualidades.
Ela optou pela vida das vaidades.

Aníbal Seraphim, 21/Março/2013

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